Talvez
Ele se senta no trem e abre um livro, como o faz diariamente, para que a viagem não pareça tão enfadonha.
Ela embarca apressada, desejando não olhar para trás e se esquecer de ter estado ali.
Ele não a viu a princípio, mas sentiu seu cheiro, doce, fresco ao passar. Não pôde deixar de reparar em sua beleza incomum.
Ela estava absorta em seus pensamentos quando teve aquela sensação de ser observada. Olhou e encontrou os olhos daquele homem atraente lhe observando. Esse olhar aqueceu-a por dentro, como há muito não acontecia.
Quando ele se deu conta de que ela o havia flagrado observando, o coração bateu mais forte. Tentou disfarçar, era tarde. Sua imaginação produzia cenas indizíveis com aquela mulher.
O homem sentado mais à frente estava despertando sua curiosidade, mas olhando o relógio, ela se deu conta de que o tempo era curto, sua estação havia chegado. Desceu apressada, olhou para trás para ver o homem observá-la pela janela.
Enquanto ela partia apressada, ele ficou se perguntando que nome teria aquela bela mulher. Devia ser tão belo o nome quanto ela, mas pairou sem resposta essa pergunta, assim como morreram as infinitas possibilidades caso pudessem ter se conhecido.