Carmem L. Marcos
Em prosa e verso
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Breve Reflexão sobre a Loucura
Praticamente todos os grandes intelectos da nossa história possuíam certa inquietação mental. Suas mentes extraordinárias produziram obras inexpugnáveis enquanto suas vidas pessoais, não raro vertiam escândalos.

Existe uma ambigüidade inerente ao gênio, ao artista, própria das mentes libertas. Dela provêm as maiores revoluções culturais e sociais. E se por um lado a sociedade não aceita as diferenças, vivendo a arregalar seus olhos medíocres diante do novo, por outro passa a maior parte de seu tempo a empurrar podridões para debaixo do tapete duma letargia coletiva, que não deixa de ser insana.

Existe uma necessidade na sociedade em se manter uma pseudo-harmonia e esta, é mantida à custa da limitação do indivíduo por normas de conduta. Os indivíduos que se submetem, formam uma grande massa que passa despercebida enquanto que o indivíduo que não se submete, paga seu tributo.

Pode-se fazer aqui uma lista de inconveniências, patológicas e morais, que pesam como um grande fardo nas costas de personalidades da nossa história.

Oscar Wilde, considerado um dos maiores escritores do século XIX, morreu jovem e teve uma vida amorosa moralmente condenável para o seu tempo. Durante o período mais difícil de sua vida, assolado pela pobreza e por problemas com a justiça, ousava declarar publicamente suas opiniões e pagou o preço por seu comportamento, terminando seus dias em total solidão.

Albert Einstein, o filósofo, gênio da física e da matemática, começou a falar tardiamente, não se relacionava bem com as outras crianças, tinha rendimento escolar baixo e teve dois matrimônios um tanto tumultuados. Era tido como radical, tinha jeito de maluco e era visto como tal.

E finalmente apresentando uma patologia diagnosticada, a esquizofrenia, pode-se citar John Nash, o matemático ganhador do Prêmio Nobel de 1994 e cuja biografia baseou o filme “Uma Mente Brilhante”. Após lutar solitariamente para vencer a esquizofrenia sem uso de medicamentos, este grande intelecto demonstra que até mesmo as diferenças mais gritantes entre os indivíduos tidos como normais e os insanos, podem ser vencidas. Que existe espaço para todos os seres “pensantes” neste mundo enorme, até mesmo para os que falam sozinhos uma boa parte do dia. Ele oferece a receita para vencer preconceitos e diferenças em seu discurso na cerimônia de entrega do Prêmio Nobel quando afirma:

- “Sempre acreditei em números, nas equações e na lógica. Mas após uma vida de demanda, pergunto: O que é, na verdade, lógico? Quem decide o que é racional? A minha busca conduziu-me do físico ao metafísico, ao delírio e ao regresso. E fiz a mais importante descoberta da minha carreira. A mais importante descoberta da minha vida. É apenas nas misteriosas equações do Amor que alguma lógica ou razão podem ser encontradas.”

Toda a sociedade necessita dos benefícios inerentes às diferenças, mas para isso, necessita estabelecer algumas regras indispensáveis à convivência. São elas, regras de complacência.
Carmem L Marcos
Enviado por Carmem L Marcos em 07/09/2005
Alterado em 15/06/2007
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