Porque o homem tem dificuldade em ser bom
Existe uma característica comum interessante nos pensamentos de Sócrates e Platão. É que para eles, basta compreender o que é bondade para ser bom. Bem [risos], sabemos hoje que não basta saber o que é riqueza para ser rico, que não basta saber o que é caráter, para ser íntegro. Enfim, sabemos que aquilo que somos capazes de definir, não cai automaticamente sob o nosso domínio. Para tudo que se deseja dominar nesta vida, há a necessidade de se despender um esforço árduo e disciplinado para a sua obtenção. Isto se aplica tanto às questões materiais, como às qualidades pessoais.
S.S. o Dalai Lama afirma que o ser humano possui uma natureza benigna, mas é interessante notar que, em contrapartida, o ser humano sempre age contra a sua natureza e vou me justificar, exemplificando com duas obras ficcionais.
A primeira é o “Anel de Giges”, da “República” de Platão, o qual tornava invisível quem o usasse. O camponês que o encontrou, que supostamente era um homem íntegro, aproveitou-se disso para praticar vários atos perversos.
A segunda é o “Anel do Poder”, forjado pelo Senhor da Escuridão, na narrativa de J.R.R. Tolkien, que conferia ao seu detentor um poder inimaginável e que acabava por corrompê-lo imediatamente, ou seja, bastou estar de posse de qualquer desses anéis para ser dominado pelo mal.
Eis a minha pergunta: Por quê o indivíduo, quando se encontra acima do bem e do mal, ou numa alusão mais palpável, quando acredita estar fora do alcance do julgamento pelos outros indivíduos, opta pelo mal?
Em minha opinião, o ser humano tem uma tendência sempre maior a optar pelo mal porque embora saiba definir a bondade, não sabe como ser bom, ou melhor, não compreende a utilidade de ser bom, de cultivar virtudes.
Mas o mais intrigante nisso tudo é que, embora essa tendência para a prática do mal, o homem só consegue ser feliz quando age de forma positiva.
S.S. o Dalai Lama afirma que a conquista de uma vida feliz não depende de situação financeira nem tampouco de instrução já que é possível observar, de modo geral, que as pessoas que possuem uma conduta positiva, independente de sua situação temporal (financeira ou cultural), são mais felizes e satisfeitas que as demais.
Isso me faz recordar expressões correntes como: “Seja bonzinho para fulano” ou “Seja um bom menino”.
Ser virtuoso não é tarefa tão simples. Aliás, ser virtuoso é uma empreita que compromete o tempo de uma vida inteira e ainda sim, ao final da jornada, você sempre vai acreditar que havia muito mais a aprender, que poderia ter sido muito melhor do que realmente foi.
Se o homem soubesse, do real prazer e da leveza de espírito que existe na virtude, não teria nenhuma dúvida sobre o que escolher, mesmo que a escolha lhe custasse um preço alto aos olhos da sociedade.
Carmem L Marcos
Enviado por Carmem L Marcos em 15/06/2007