O destino da Esperança
Era uma vez uma criança que ao nascer, recebeu o nome "Esperança".
A Esperança cresceu sob os cuidados de sua zelosa mãe Bondade e orientada pela tia Tolerância, sempre madura, sábia, tranqüila e equilibrada.
Quando se tornou uma bela jovem, a Esperança desenvolveu grande afinidade pelo Objetivo e passaram a andar sempre juntos. Alguns diziam que pareciam terem sido feitos um para o outro. O Objetivo, por sua vez, acreditava que norteado pela Esperança seria invencível.
Mas, nos contos de fadas assim como na vida real, qualidades demais podem despertar os desejos profundos de seres não tão nobres.
Foi assim que a pureza e a ingenuidade da Esperança despertaram o desejo do Despotismo e este, influenciado pelo conselheiro Egoísmo, o qual já havia percebido as qualidades da Esperança e sua capacidade de influenciar as pessoas, decidiu tomar a Esperança só para si, tornando-a cativa de seus propósitos de forma sutil.
Para tanto, mataram o Objetivo enquanto o Despotismo, que era extremamente inteligente, se fez de solidário e convenceu a Esperança de que o Objetivo a havia abandonado.
Fragilizada, já que sua mãe Bondade, a tia Tolerância, assim como o Bom Senso a Justiça e o mago Amor, haviam sido banidos daquele reino, a Esperança acabou sucumbindo à sedução do Despotismo e a ele se entregou.
O Despotismo adquiriu tal poder que acabou por conseguir tornar-se senhor absoluto daquele reino. Sua palavra era lei e um período de trevas se seguiu por longo tempo, tempo esse no qual o Pessimismo foi o primeiro ministro.
A bem da verdade é que a Esperança acabou por perder os melhores dias de sua vida sob o domínio deste tirano, o qual a contaminou com seu desprezo, indiferença, desrespeito e agressividade. Apesar disso, a Esperança sempre se regenerava como uma fênix, para em seguida, ter sua suavidade e doçura consumidas novamente por aquele ser desprezível.
E como se não bastasse tamanho sofrimento, a Esperança ainda veio saber que o Despotismo já havia desposado a Liberdade e a Igualdade, as quais haviam morrido em circunstâncias misteriosas. Embora tudo parecesse perdido, a Esperança sonhava que um nobre cavaleiro ainda pudesse vir libertá-la deste pesado jugo.
Foi aí que o herói desse nosso conto de fadas surgiu.
Num reino distante, um nobre cavaleiro chamado Futuro vinha sonhando com uma doce rainha, cativa num reinado sombrio. Obcecado pela imagem de seus sonhos, procurou o mago Amor que vivia exilado no coração da floresta do tempo e com ele obteve um mapa para chegar ao reino amaldiçoado do Despotismo.
Assim, o Futuro resgatou a Esperança e levou-a para viver bem longe do Despotismo, deixando que ele pensasse que ela havia se afogado no pântano do desespero, na tentativa de fugir do seu domínio.
E nunca mais se viu nem sombra de Esperança neste reino despótico.
Moral desta história: Não há Esperança que sobreviva ao Despotismo, mas somente a certeza de que há Futuro pode manter a Esperança viva.
Carmem L Marcos
Enviado por Carmem L Marcos em 05/12/2007
Alterado em 06/02/2012